22 de set. de 2009


"Quando morremos?
Na verdade, morremos todos os dias.
Morte são também nossas decepções,
nossos projetos falidos, nossas ideias abortadas.
Morte é tudo o que nega a vida.
A morte definitiva, a que encerra todos os atos,
a que nos apresenta a vida concluída, dessa não
podemos tratar porque ela nos excede.
Restam-nos os insucessos que a anunciam,
neles acenam os signos do que não nos é dado alcançar.
Esperamos e conjeturamos.
Como poderíamos, de outro modo,
elevar-nos acima da solidez dos corpos que nos cercam,
assinalando-lhes a precariedade?" (SCHÜLER, 2001: 196).
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Quantas vezes morremos em vida? Quantos projetos abortados? Quantas decepções? Num primeiro momento a morte nos atinge, congela, impede. Mas assim que vivemos nosso luto, que choramos nossos sonhos mortos, nova vida surge: novos planos, novas possibilidades, às vezes melhores que as anteriores. Quantas vezes se faz necessário que abortemos um projeto falido para darmos lugar a uma proposta mais condizente com as possibilidades reais? Quantas outras vezes necessitamos negar uma ideia para que outras possam surgir? Quantas vezes aquele que nos contradiz e nos provoca ao abandono de um posicionamento fechado nos impulsiona, ao mesmo tempo, ao renascimento, através de novas posições?O problema é que tememos a morte, nos apavoramos diante dela, ao invés de vê-la como possibilidade de vida. Queremos somente a vida, o que é, como afirma Schüler, utopia. Não há vida sem morte, nem morte sem vida. Poderíamos ficar com Epicuro que nos garante que não devemos temer a morte, porque enquanto estamos vivos ela não está presente, e quando ela está, nós é que não estamos.

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